28 agosto 2011

Anatomia do Sistema Muscular

Os músculos são estruturas anatômicas caracterizadas pela contração (são capazes de diminuir seu comprimento) como resposta a diversos tipos de estímulos. As contrações movimentam partes do corpo, inclusive órgãos internos; músculos dão forma ao corpo; músculos produzem calor.


Tipos de Músculos

Músculo liso

Suas células são fusiformes, pequenas, sem estriações e com núcleo único e central. Encontrados nas paredes das vísceras ocas e dos vasos sanguíneos; na íris e no corpo ciliar do bulbo do olho e nos folículos pilosos. Sua contração é fraca, lenta e involuntária.

Músculo cardíaco

Células com ramificações, confluências e estrias transversais, unidas nos extremos por junções complexas (discos intercalares) e com núcleo único e central. Constitui o miocárdio. Sua contração é rítmica, forte, contínua e rápida; atua bombeando o sangue do coração; também é involuntária.

Músculo esquelético

Suas células são cilíndricas, grandes, longas, sem ramificações e com estrias trans-versais e núcleos múltiplos. Formam os músculos fixados ao esqueleto, às fáscias dos membros, da parede do tronco, da cabeça e do pescoço. Sua contração é forte, rápida, intermitente; atua primaria-mente para produzir movimentos ou para resistir à gravidade.


Músculos Esqueléticos

Os músculos esqueléticos típicos são formados por:

1 - Parte média

Ventre muscular, carnoso e vermelho; é a parte contrátil do músculo; não se prende, para que possa contrair-se livremente.

2 - Extremidades

São esbranquiçadas e brilhantes, muito resistentes e praticamente inextensíveis; constituídas por tecido conjuntivo denso, rico em fibras colágenas; em geral se prendem a duas áreas do corpo, comumente no esqueleto. Extremidades cilindróides ou em forma de fita são chamadas de tendões; quando são laminares, recebem a denominação de aponeuroses

As duas áreas do corpo em que as extremidades se prendem são chamadas de origem e inserção. Origem é a parte do corpo que permanece fixa durante a contração do ventre muscular, enquanto a inserção é a parte do corpo que se move durante a contração do ventre muscular. Os conceitos de origem e inserção são dinâmicos, dependendo de que peça se move e de qual permanece fixa.

Estes conceitos são genéricos e admitem exceções, pois tendões ou aponeuroses nem sempre se prendem ao esqueleto; às vezes se prendem na derme, nas mucosas ou em um órgão. Também em muitos músculos, as fibras dos tendões têm dimensões tão reduzidas que se tem a impressão de que o ventre muscular se prende diretamente no osso ou a outro músculo e em uns poucos músculos, aparecem tendões interpostos a ventres de um mesmo músculo, tendões estes que não servem para fixação no esqueleto.

Os tendões são compostos de fibras colágenas onduladas e dispostas em paralelo, entremeadas por fibras de elastina e reticulina, que proporcionam volume ao conjunto. Todas essas estruturas estão suspensas em um substrato gelatinoso que reduz a fricção entre os componentes das fibras.

Quando o tendão é submetido à tensão, as fibras onduladas paralelas alongam-se na direção da força de tensão. Quando a carga é interrompida, as fibras elásticas ajudam a reorientar a configuração das fibras onduladas de colágeno e, desde que a força tencionadora não tenha excedido o limite da resistência mecânica do tendão, este voltará à sua situação normal de repouso, sem sofrer lesões.

Os tendões e os ligamentos são estruturas adaptadas para exercer a função de transmitir as cargas do músculo para o osso (tendão) ou de osso para osso (ligamento). A função principal de ambos é modular a transmissão das forças, de maneira que não haja concentração brusca de cargas entre os vários componentes do sistema músculo-esquelético. Essa função é extremamente importante porque, nos locais em que as cargas se concentram ocorrem lesões que podem ser agudas ou cumulativas.

Os tendões, as cápsulas articulares e os ligamentos possuem sensores proprioceptivos e nociceptivos que informam o cérebro sobre a posição dos segmentos corpóreos no espaço e sobre as condições ambientais locais, que possam representar perigo de lesão tissular.

O mecanismo de retroalimentação neural existente na cápsula articular, nos ligamentos e nos tendões protege os estabilizadores estáticos e prove estabilização dinâmica adicional (unidade miotendínea), impedindo que haja deslocamentos que excedam os limites mecânicos dos estabilizadores estáticos. Ele exerce também o importante papel de informar o cérebro sobre a configuração química e a situação estrutural dos feixes de colágeno que confere as propriedades físicas do tendão, principalmente sua resistência às tensões, e o comportamento viscoelástico que apresentam.

Tal como todos os outros sistemas biológicos, as propriedades físicas e químicas dos tendões e ligamentos variam com diversos fatores como a idade, o sexo, a temperatura, a presença de fatores hormonais, atividade, etc.

A idade influi na velocidade da regeneração dos tecidos gastos e na qualidade da reparação tissular; as variações hormonais, como as relacionadas com gravidez e menopausa, interferem com as propriedades biofísicas do tecido conjuntivo do sexo feminino; a atividade física desempenha um importante papel na manutenção da homeostase do sistema músculo-esquelético, seja garantindo a normalidade de músculos e tendões - quando essas estruturas são usadas dentro dos limites funcionais de cada indivíduo, seja produzindo lesões, que se instalam quando os limites pessoais de reserva funcional são ultrapassados.

A fáscia muscular é uma lâmina de tecido conjuntivo que envolve cada músculo, com as funções de bainha elástica de contenção e de facilitar o deslizamento dos músculos entre si. A espessura da fáscia muscular varia de músculo para músculo, dependendo de sua função. Às vezes a fáscia muscular é muito espessada e pode contribuir para prender o músculo ao esqueleto.

Em algumas regiões do corpo as fáscias musculares vão além de serem somente envoltórios musculares. Assim, nos membros, além de cada músculo ser envolvido por sua fáscia, todo o conjunto muscular também é envolto por uma fáscia mais espessa, da qual partem prolongamentos que vão se fixar nos ossos, separando grupos musculares. Estes prolongamentos são chamados de septos intermusculares. A fáscia muscular que envolve os músculos da parede abdominal apresenta setores ocupados por músculos e setores desocupados.


Classificação morfológica dos músculos esqueléticos

Os músculos são classificados de várias formas. As mais comumente empregadas são as que o fazem em relação à forma do músculo e ao arranjo de suas fibras e às extremidades e ao ventre muscular.

A função do músculo condiciona sua forma e arranjo de suas fibras. como as funções dos músculos são múltiplas e variadas, também o são sua morfologia e arranjo de suas fibras. De um modo geral e amplo, os músculos têm as fibras dispostas paralelas ou oblíquas à direção de tração exercida pelo músculo.

A disposição paralela das fibras pode ser encontrada tanto nos músculos longos (predomina o comprimento) quanto nos músculos largos (comprimento e largura se equivalem). Nos músculos longos é muito comum notar-se uma convergência das fibras musculares em direção aos tendões de origem e inserção, de tal modo que na parte média o músculo tem maior diâmetro que nas extremidades e por seu aspecto característico é denominado fusiforme. Músculos fusiformes são muito freqüentes nos membros. Nos músculos largos, as fibras podem convergir para um tendão em uma das extremidades, tomando o aspecto de leque.

A disposição oblíqua das fibras ocorre nos músculos penados (lembrando as barbas de uma pena). Se os feixes musculares se prendem numa só borda do tendão fala-se em músculo unipenado, se os feixes se prendem nas duas bordas do tendão, será bipenado. Se os feixes se dispõem em todas as direções é um músculo multipenado.

Quando os músculos se originam por mais de um tendão, diz-se que apresentam mais de uma cabeça de origem. São então classificados como músculos bíceps, tríceps ou quadríceps, conforme apresentam 2, 3 ou 4 cabeças de origem. Exemplos clássicos são encontrados na musculatura dos membros e a nomenclatura acompanha a classificação: m. bíceps braquial, m. tríceps da perna, m. quadríceps da coxa.

Do mesmo modo, os músculos podem inserir-se por mais de um tendão. Quando há dois tendões, são bicaudados; três ou mais, policaudados.

Alguns músculos apresentam mais de um ventre muscular, com tendões intermediários situados entre eles. São digástricos os músculos que apresentam dois ventres e poligástricos os que apresentam maior número de ventres.

Classificação funcional dos músculos esqueléticos

Os músculos podem ser classificados segundo a ação que realizam:

1 - Músculo agonista

É o agente principal na execução de um movimento. São divididos em motores primários (os que participam mais intensamente da execução do movimento) e secundários.

2 - Músculo antagonista

É aquele que se opõe ao trabalho de um agonista

3. Músculo sinergista

Aquele que atua no sentido de eliminar algum movimento indesejado que poderia ser produzido pelo agonista.

4. Músculo fixador

Fixam um segmento do corpo para permitir um apoio básico nos movimentos executados por outros músculos. Para muitos é uma subcategoria dos sinergistas.

Importante

Estes conceitos são dinâmicos, ou seja, um músculo que em determinado momento é agonista em outro pode ser antagonista ou fixador ou sinergista.

Mecânica Muscular

A contração do ventre muscular vai produzir um trabalho mecânico, em geral representado pelo deslocamento de um segmento do corpo. Ao contrair-se o ventre muscular, há um encurtamento do comprimento do músculo e conseqüente deslocamento da peça esquelética.

O trabalho realizado por um músculo depende da potência do músculo e da amplitude de contração do mesmo. A amplitude de contração depende do comprimento das fibras musculares. Assim, um músculo longo tem o mais alto grau de encurtamento. A potência (ou força) é função do número de fibras que se contraem e número de fibras contido em uma secção transversal do músculo, o que é medido em ângulo reto com o eixo maior dos fascículos musculares e não com o eixo maior do músculo como um todo. Assim, o que um músculo penado perde em amplitude de contração, ganha em força.

Como foi anteriormente dito, o trabalho do músculo se manifesta pelo deslocamento de um (ou mais) osso(s). Os músculos agem sobre os ossos como potências sobre braços de alavancas. No caso da musculatura cardíaca e dos músculos lisos, geralmente situadas nas paredes de vísceras ocas ou tubulares, também se produz um trabalho: a contração da musculatura destes órgãos reduz seu volume ou seu diâmetro e desta forma vai expelir ou impulsionar seu conteúdo.

A célula muscular obedece a chamada lei do tudo ou nada, ou seja, ou está completamente contraída ou está totalmente relaxada. Assim, a quantidade de fibras musculares que vai estar envolvida com o trabalho de um músculo, ao mesmo tempo, vai depender de quantas unidades motoras ele possua. Denomina-se unidade motora ao conjunto de fibras de um músculo supridas pelo mesmo neurônio. Um músculo com poucas unidades motoras é um músculo de movimentos mais grosseiros, enquanto aquele que possui muitas unidades motoras é capaz de movimentos de alta precisão e delicadeza.

Ezequiel Rubinstein
Márcio A. Cardoso
Fonte: www.icb.ufmg.br

20 agosto 2011

Posição Anatômica

Todas as representações anatômicas são descritas em relação à posição anatômica para assegurar que as descrições não sejam ambíguas (MOORE, DALLEY, 1999).

Assim, a posição anatômica é aquele em que o corpo fica ereto, com:
- a cabeça, os olhos e os dedos do pé direcionados para a frente (anteriormente)
- os membros superios ao lado do corpo e mãe voltadas com as palmas para a frente
- os membros inferiores juntos e pés direcionados anteriormente

A posição anatômica é adotada internacionalmente, em descrições anatômicas e médicas; e com ela pode-se relacionar as diferentes partes do corpo.


Provas de Anatomia



Crânio vista lateral direita





Base do Crânio vista interna




Base do Crânio vista inferior





Base do Crânio vista anterior




Crânio vista anterior e lateral esquerda



Vértebra C1 - Atlas


Vértebra C2 - Axis

Vértebras: Torácica



Vértebras: Lombar


Esquleto 1



 Esqueleto 2



Ossos da Mão




Ossos do Pé



Cíngulo do Membro Superior



Úmero Proximal 




Úmero Póstero-distal



Úmero Antero-distal



Rádio Antero-proximal




Rádio Distal



Ulna - vista anterior



Ulna Proximal



Osso do Quadril - Lateral



Osso do Quadril - Medial



Fêmur - Posterior



Fêmur Antero-proximal



Fêmur Póstero-Proximal



Fêmur Antero-distal



Fêmur Póstero-distal



Tibia - Antero-superior



Tibia Póstero-distal


Fonte: blog laboratório de anatomia.



18 agosto 2011

Noções Gerais de Artrologia

I – INTRODUÇÃO:

1. Conceitos:
1.1 – Artrologia: Grego: Arthron = juntura + logus = estudo. É a parte da Anatomia que estuda as articulações ou junturas.
1.2 – Junturas: É o meio de união entre os ossos na constituição d o esqueleto.

II – CLASSIFICAÇÃO DAS JUNTURAS:

1. Junturas fibrosas: São as junturas por continuidade onde os ossos se unem por um tecido conjuntivo fibroso.
2. Junturas Cartilagíneas: São as junturas por continuidade onde os ossos se unem por um tecido cartilagíneo.
3. Junturas Sinoviais: São as junturas por contigüidade onde os ossos estão justapostos, separados por uma fenda a reticular e envolvidos por uma cápsula fibrosa.

III – ESTUDO DAS JUNTURAS FIBROSAS:

1. Suturas: São junturas fibrosas onde os ossos estão próximos. São encontradas nos ossos do crânio.
1.1 – Plana: as margens dos ossos são planas (ossos nasais).
1.2 – Denteada ou Serrátil: as margens dos ossos são em forma de dente de serra (a maioria das junturas dos ossos da cabeça).
1.3 – Escamosa: as margens dos ossos são em forma de escama (osso parietal e osso temporal).

2. Sindesmoses: São junturas fibrosas que unem ossos à distância. Ex:
Entre os corpos do radio e ulna / tíbia e fíbula.
Entre os arcos e entre os processos das vértebras.

3. Gonfoses: É o meio de fixação dos dentes nos alvéolos dentários da maxila e mandíbula.

IV – ESTUDO DAS JUNTURAS CARTILAGÍNEAS:

1. Sincondroses ou primárias:
A união entre os ossos se faz por uma carti lagem hialina.
1.1 – Intra-ósseas: ocorre dentro de um mesmo osso (metáfise dos ossos longos).
1.2 – Interósseas: ocorre entre ossos diferentes (osso occipital e osso esfenóide).

2. Sínfises ou secundárias: A união entre os ossos se faz por uma cartilagem fibrosa (fibrocartilagem). Ex: entre os corpos das vértebras (intercorpovertebral) / entre os ossos púbis.

V – ESTUDO DAS JUNTURAS SINOVIAIS :

1. Elementos de uma juntura sinovial:
1.1 – Constantes:
1.1.1 – Superfícies ósseas articulares.
1.1.2 – Cartilagens articulares.
1.1.3 – Cápsula articular:
a. Membrana fibrosa.
b. Membrana sinovial.
1.1.4 – Líquido sinovial.
1.1.5 – Cavidade articular (espaço).

1.2– Inconstantes:
1.2.1 – Discos: estruturas fibrocartilaginosas em forma de dis co que permitem que duas superfícies ósseas discordantes possam articular entre si (articulação temporal-mandibular).

1.2.2 – Meniscos: estruturas fibrocartilaginosas em forma de meia-lua (disco incompleto). Agem como amortecedores de peso e permitem a estabilização da articulação do joelho.

1.2.3 – Orlas: estruturas em forma de anel que ampliam uma das superfícies articulares (articulação da escápula com o úmero / osso coxal com o fêmur).

1.2.4 – Ligamentos: estruturas em forma de fita modelada rica em fibras , que ajudam na fixação dos ossos articulados. Agem limitando determinados movimentos da s articulações.
a. Quanto à origem:
– Musculares.
– Capsulares.

b. Quanto à função:
– Coesão ou adesão.
– Frenadores ou limitadores.

c. Quanto à topografia:
– Capsulares.
– Intra-capsulares.
– Extra-capsulares.

2. Movimentos das junturas sinoviais:
2.1 – Flexão: diminui o ângulo da articulação, aproximando os ossos articulados.
2.2 – Extensão: aumenta o ângulo da articulação, afastando os ossos articulados.
2.3 – Adução: aproximação dos membros do plano mediano .
2.4 – Abdução: afastamento dos membros do plano mediano .
2.5 – Rotação: os ossos articulados giram em torno do s seus próprios eixos:
2.5.1 – Supinação: rotação lateral.
2.5.2 – Pronação: rotação medial.
2.6 – Circundução: realização de todos os movimentos ao mesmo tempo, descrevendo um segmento de cone.

3. Classificação das junturas sinoviais:
3.1 – Quanto ao número de ossos articulados:
3.1.1 – Simples: entre dois ossos.
3.1.2 – Compostas: entre mais de dois ossos.

3.2 – Quanto aos eixos de movimento:
3.2.1 – Monoaxiais: em um eixo.
3.2.2 – Biaxiais: em dois eixos.
3.2.3 – Triaxiais: em três eixos.
3.2.4 – Não axiais: deslizamento.

3.3 – Quanto ao funcionamento:
3.3.1 – Dependentes: dependem da integridade de outra articulação para se movimentar. 
a. unilaterais.
b. bilaterais.
3.3.2 – Independentes: independem da integridade de outra articulação para se movimentar .

3.4 – Quanto à disposição das superfícies articulares:
3.4.1 – Concordantes: superfícies ósseas encaixam perfeitamente.
3.4.2 – Discordantes: superfícies ósseas não encaixam perfeitamente.

3.5 – Quanto à forma das superfícies articulares:
3.5.1 – Planas (não axiais): planas.
3.5.2 – Gínglimos: em forma de cilindro ou como dobradiça.
3.5.3 – Trocóides: em forma de cilindro como pivô.
3.5.4 – Selares: em forma de sela.
3.5.5 – Condilares: em forma elipsóide.
3.5.6 – Esferóides: em forma de esfera.

Obs.: Articulações especiais:
Têmporomandibular: uma plana + uma gínglimo.
Joelho: duas gínglimo + uma plana.
Talocrural: gíglimo + helicoidal.

17 agosto 2011

Métodos Utilizados no Estudo da Anatomia

A anatomia humana pode ser estudada por meio de diferentes métodos de estudo. Veja abaixo uma descrição simples e objetiva das principais metodologias.

1. Dissecação: Método que consiste em cor tar as estruturas do corpo separando -as em partes, sem destruí-las.

2. Maceração: Método que consiste em destruir as estruturas moles do corpo , preservando as mais rígidas. Utilizada no preparo de ossos.

3. Corrosão: Método que consiste em injetar, nos vasos ou em cavidades, acrílico ou vinilite, uma massa plástica líquida que se torna rígida rapidamente. Em seguida, as estruturas são submetidas à ação de substâncias corrosivas (ácidos) para obtenção de moldes ou modelos. Usada para estudo de comportamento de vasos e cavidades de órgãos ocos.

4. Diafanização: Método que consiste em tornar o órgão transparente mediante a uma prévia desidratação da peça em uma série de alcoóis em diversas graduações e, em seguida , colocá-lo em substâncias que o torne transparente (benzoato de benzila e salicilato de metila). Usada para estudo de vasos na parede do órgão.

5. Cortes segmentados: Método que consiste em dividir o corpo em segmentos. Usado para identificação de imagens.

6. Rádio-imagem: Método que consiste no estudo através de imagens.

7. Macro-modelos: Método que consiste no estudo em modelos que substituam as peças naturais.

8. Pranchas: Método que consiste no estudo através de pranchas ou quadros.

Introdução ao Estudo da Anatomia Humana

1.1 ETIMOLOGIA DA PALAVRA ANATOMIA HUMANA

A anatomia (do latim  ana =  em partes,  tomé =  cortar) é a ciência que estuda a estrutura (macro e microscópica) de nosso corpo, sua constituição (células  – tecidos  – órgãos  – sistemas – aparelhos) e seu desenvolvimento (fases da vida).

O termo morfologia (morfo = forma) é empregado como sinônimo de anatomia. Sendo que, na anatomia, a preocupação inicial é a descrição da forma. O conhecimento da forma auxilia no entendimento de sua função.

1.2 MATERIAL DE ESTUDO ANATÔMICO

Para o estudo anatômico do corpo humano, o material utilizado é o cadáver ou as peças cadavéricas.  Atualmente, o conhecimento deve ser transposto diretamente para a utilização prática e clínica do estudante, tornando-se viável a utilização de modelos anatômicos sintéticos, softwares específicos, exames de imagem e anatomia de superfície, aproximando o conteúdo básico do específico. 

A palavra cadáver é um velho acróstico latino. Caro data vermibus significa: carne dada aos vermes. Ao ser manipulado em sala de aula, a peça merece respeito e cuidado, a exemplo do legado transmitido por  Karl Von Rokitansky (1804-1878) (fig.01), médico e estudioso da anatomia patológica. Dissector obsessivo, ele nos deixou uma das máximas da anatomia: a meditação ao cadáver desconhecido.

Figure
Figura 01- Karl von Rokitansky. Fonte: http://radiographics.rsna.org/content/26/2/465.full


1.3 CONCEITOS DE NORMAL, VARIAÇÃO, ANOMALIA E MONSTRUOSIDADE

Normal: em anatomia é um conceito estatístico, representado pelo o que ocorre na maioria dos casos, o mais frequente. Ex: 20 dedos, coração com seu ápice inclinado para o lado esquerdo do corpo.

Variação anatômica: é uma alteração da forma ou posição do órgão, porém, não causa prejuízo na função. Ex: as alterações de posição que são visualizadas no sistema venoso superficial, são exemplos simples de variação anatômica.

Anomalia: é uma alteração da forma ou posição do órgão, que causa prejuízo na função, sendo compatível com a vida. Ex: ausência de membros (amelia), fenda palatina.

Monstruosidade: é uma alteração da forma ou posição do órgão, que causa prejuízo na função, incompatível com a vida. Ex: anencefalia (ausência do encéfalo).

1.4 FATORES DE VARIAÇÃO ANATÔMICA

Podemos citar diversos fatores que provocam variações anatômicas em um indivíduo, entretanto ressaltaremos os fatores relacionados com a entrevista de um paciente, sendo:

- Idade: já foi discutido que o biodesenvolvimento gera variações anatômicas. Podemos citar como exemplo que o número de ossos em um recém-nascido é em torno de 300. Já de um adulto jovem é de 206. Durante o desenvolvimento, há uma fusão de ossos;

- Gêneros: diferenças entre os gêneros masculino e feminino são visíveis externamente, como as genitálias, deposição de gordura, diferença da largura dos ombros em relação a largura do quadril (no homem, geralmente, os ombros são mais largos que o quadril);

- Etnia: as diferentes etnias provocam variações específicas no organismo, como: o aparelho locomotor do afrodescendente é muito mais resistente e capaz de gerar mais força, se comparado ao de um caucasiano de mesmo biótipo;

- Biótipo (são diferenças físicas, geralmente hereditárias, que podem ser alteradas por fatores ambientais). Os biótipos são classificados em:


Longilíneo: apresenta pescoço longo, tórax estreito e predominante sobre o abdome, membros   delgados e compridos;


Brevelíneo: pescoço curto, tórax largo, sendo menor que o abdome, e membros grossos e curtos;


Mediolíneo: apresenta características intermediárias entre os dois tipos anteriores.

1.5 NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO

A constituição do corpo humano segue níveis de organização. A célula é a unidade básica, estrutural e funcional do corpo humano. As células com mesma característica se reúnem para formar os tecidos orgânicos. O corpo humano possui quatro tecidos fundamentais:


Epitelial (de revestimento), composto por células unidas por junções celulares especializadas (zônulas ocluentes, zônulas aderentes e junções comunicantes), o tecido epitelial atua como uma barreira, proteção, revestimento dos órgãos, absorção, secreção e revestimento da superfície do corpo.


Conjuntivo (ou conectivo); responsável pelo estabelecimento da forma do corpo. Estruturalmente, o tecido conjuntivo pode ser dividido em: células, fibras e substância fundamental, diferente dos tecidos epitelial, nervoso e muscular que são formados apenas por células. O tecido conjuntivo pode ser classificado com: tecido conjuntivo propriamente dito, que é o menos diferenciado, preenchendo os espaços e permitindo as trocas metabólicas e defesa; tecido conjuntivo denso, formado por fibras colágenas, elásticas ou reticulares, muito presente em tendões e ligamentos; tecido conjuntivo frouxo, o mais abundante no organismo, preenche os espaços não ocupados por outros tecidos, estabelece apoio e nutrição às células epiteliais, envolve nervos, músculos e vasos. O tecido conjuntivo apresenta uma ampla variabilidade celular e forma outros tecidos do corpo como: ósseo, adiposo, cartilagíneo e sanguíneo;


Muscular (caracterizado pelo poder de contração de suas células), a contração das células musculares é realizada após a estimulação elétrica (estímulo nervoso) e a utilização de ATP (adenosina trifosfato, molécula responsável pelo armazenamento de energia). São três tipos de tecidos musculares: estriado esquelético, estriado cardíaco e liso;


Nervoso (capaz de gerar e conduzir impulsos eletrolíticos), por meio de estimulações elétricas, o tecido nervoso é capaz de coordenar todas as ações orgânicas, e interagir com informações provenientes do meio externo.

Quando os diferentes tecidos se reúnem, temos a formação dos órgãos. A reunião de diversos órgãos, que desempenham atividades funcionais em comum, constitui os sistemas orgânicos

Os sistemas que possuem interdependência funcional formam os aparelhos (exemplo: aparelho locomotor – função de locomoção, formado pelos sistemas ósseo, articular e muscular). Por fim, os aparelhos constituem o organismo.

1.6 DIVISÃO DO CORPO HUMANO

O corpo humano é dividido em: cabeça, pescoço, tronco e membros. O tronco é uma grande área corpórea, sendo subdividido em: tórax, abdome, pelve, períneo e dorso.

Os membros superiores são divididos em: ombro (seguimento denominado de raiz do membro, pois está ligado ao tronco), braço, cotovelo, antebraço, punho, mão e dedos (os dedos são numerados de I a V, iniciando no polegar).

Os membros inferiores são divididos em: quadril (raiz do membro), coxa, joelho, perna, tornozelo, pé e dedos (os dedos são numerados de I a V, iniciando no hálux).

1.7 CAVIDADES DO CORPO HUMANO

São espaços em potencial (fig.02), que armazenam diversos órgãos.

Figura 02- Ilustração das cavidades corpóreas. 
Fonte: ttp://www.biologycorner.com/anatomy/intro/chap1_notes.html

1.8 POSIÇÃO ANATÔMICA

As descrições anatômicas tendem a relacionar a estrutura com a posição anatômica, padronizando e facilitando o seu entendimento (fig.03).

O indivíduo em posição anatômica:

- Está em pé (posição ereta ou ortostática);
- Cabeça voltada anteriormente e o olhar na linha do horizonte;
- Membros superiores pendentes ao longo do tronco, com as palmas das mãos voltadas anteriormente;
- Membros inferiores justapostos, com os dedos dos pés direcionados anteriormente.
Figura 03 - Posição anatômica. Fonte: http://www.courses.vcu.edu/DANC291-003/unit%201.htm

1.9 PLANOS DE DELIMITAÇÃO DO CORPO HUMANO

Tendo como referência a posição anatômica, tangenciam-se à superfície corpórea, planos que demarcam o corpo ou parte deste. Esses são denominados planos de delimitação. São eles:

Plano anterior, tangente à parte anterior do corpo;

Plano posterior, tangente à parte posterior do corpo;

Plano superior, tangente à parte superior do corpo (fig. 06);

Plano inferior, tangente à parte inferior do corpo;

Plano lateral direito, tangente à parte lateral direita do corpo;

Plano lateral esquerdo, tangentes à parte lateral esquerda.

1.10 PLANOS DE SECÇÃO DO CORPO HUMANO


Os planos de secção (ou de corte) dividem o corpo humano e são paralelos aos planos de delimitação. São quatro os planos de secção: dois planos sagitais, um plano horizontal e um plano frontal.

Os planos sagitais, divididos em: Plano sagital mediano: é paralelo aos planos laterais de delimitação, divide o corpo humano ao meio, em duas metades semelhantes (direita e esquerda); Plano sagital paramediano: é paralelo ao plano sagital mediano, dividindo o corpo em metades distintas. Os cortes sagitais paramedianos se estendem do plano sagital mediano até o plano lateral (direito ou esquerdo)


O plano horizontal é paralelo aos planos superior e inferior de delimitação, divide o corpo humano em partes superior e inferior. Os cortes horizontais se estendem entre os planos superior e inferior. O plano horizontal por vezes também é denominado de plano transversal.

O plano frontal é paralelo aos planos anterior e posterior de delimitação, dividindo o corpo humano em partes anterior e posterior. Os cortes frontais se estendem entre os planos anterior e posterior. O plano frontal também é denominado de plano coronal.

1.11 EIXOS DO CORPO HUMANO

Os eixos do corpo humano são linhas imaginárias que ligam os planos de delimitação. Os eixos do corpo são:  transversal (látero-lateral) se estende entre os planos laterais direito e esquerdo;  longitudinal (súpero-inferior) é o maior eixo do corpo, estende-se do plano superior ao plano inferior;  sagital (ântero-posterior) se estende entre os planos anterior e posterior.

1.12 TERMOS DE POSIÇÃO E DIREÇÃO


Descrevem as relações das partes do nosso corpo em posição anatômica:

- Anterior: voltado ou mais próximo do plano anterior;
- Posterior: voltado ou mais próximo do plano posterior;
- Superior: voltado ou mais próximo do plano superior;
- Inferior: voltado ou mais próximo do plano inferior;
- Medial: mais próximo do plano mediano;
- Lateral: mais próximo do plano lateral;
- Intermédio: entre uma estrutura lateral e outra medial;
- Proximal: mais próximo da raiz do membro;
- Distal: mais distante da raiz do membro;
- Médio: entre uma estrutura proximal, distal; superior, inferior, anterior e posterior;
- Superficial: mais próximo da superfície (acima da fáscia muscular);
- Profundo: mais distante da superfície (abaixo da fáscia muscular);
- Interno: no interior de um órgão ou de uma cavidade;
- Externo: externamente a um órgão ou a uma cavidade;
- Homolateral (ou ipsilateral): do mesmo lado;
- Contralateral: do lado oposto
- Oral: mais próximo da cavidade oral (utilizado para o trato gastrintestinal);
- Aboral: mais distante da cavidade oral (utilizado para o trato gastrintestinal);
- Montante: porção inicial do vaso sanguíneo;
- Jusante: porção final do vaso sanguíneo.

Fonte: http://www.imagingonline.com.br/biblioteca/Leandro_Nobeschi/introducao-ao-estudo-da-anatomia-humana.pdf. Disponível em 17 de agosto de 2011.